O dia em que virei uma usina ambulante de eletricidade estática.
Quando até dar bom dia vira uma ameaça de curto-circuito.
Hoje fui eletrocutada por maçanetas, laptops, cadeiras giratórias, e pela vida — nessa ordem. Tudo começou inocentemente, com um toque sutil na maçaneta do carro. Um estalo, uma faísca e a certeza: algo estava fora do normal. Achei que fosse coisa da minha cabeça (ou do meu jeans), mas o universo estava apenas começando seu show de horrores.
Cheguei ao escritório e, desde então, vivo uma saga de pequenos choques que me deixaram em estado de alerta constante. Já ando pela empresa como quem joga “campo minado”: um passo de cada vez, dedo estendido, rezando para que o próximo toque não me arremesse para outra dimensão.
A coisa ficou séria quando fui pegar o computador e ele estalou tão alto que quase deixei o pobre cair no meu pé. O barulho foi tão absurdo que, por um breve segundo, achei que tivesse acionado algum dispositivo de autodestruição da NASA. Me senti dentro de um experimento de física, só que sem os créditos científicos.
E não para por aí: apertei o botão do elevador e, juro, por um instante achei que ia conhecer Jesus quando as portas se abrissem. O choque veio com tanta vontade que meu corpo deu aquele tranco de susto, seguido de um leve gritinho que, sinceramente, eu queria que fosse menos vergonhoso.
O pior de tudo? Acho que o sofrimento aumenta por conta dos sapatos — aqueles mocassins de velha que, ironicamente, deveriam me dar estabilidade. Só esqueceram de avisar que vinham com fio-terra embutido direto do além.
A culpa? Talvez da combinação fatal de carpete, sapato de couro, tempo seco, e da minha existência naturalmente propensa ao caos. Já cogitei tirar os sapatos (e a dignidade), molhar as mãos ou andar com um pedaço de ferro no bolso, tipo para-raios de bolso. Faltou pouco pra eu pedir férias por excesso de eletricidade.
Moral da história? Às vezes a vida te sacode — literalmente — só pra te lembrar que o controle é uma ilusão, e que se você não pode evitar o choque, pelo menos pode rir dele. Ou escrever um texto pra exorcizar o trauma.
Porque, no fim das contas, talvez viver seja isso: tomar uns choquinhos inesperados do universo, dar uns gritinhos de susto, rir de si mesma… e seguir em frente, energizada — mesmo que um pouco traumatizada.
Com estalos e risos,
Camila.
Oi Camila, seguindo você.
Eu tomo choque invariavelmente no corrimão do segundo para o terceiro andar do escritório onde trabalho, nas maçanetas das bubles do segundo e do terceiro andares do escritório (ainda bem que minha sala é no primeiro andar). Dica, uma caminhadinha descalça na grama pra descarregar ajuda! Viva a primavera 🌸