Ecos de tinta: quando a literatura vira arma
Como seguir escrevendo quando tudo em volta tenta calar você?
Hoje eu sangro em silêncio.
Não é a primeira vez. E sei que, sendo quem sou, talvez não seja a última.
Mas há algo que sempre me espanta: a maldade de quem nunca escreveu uma linha… e ainda assim se sente no direito de apontar o dedo pra quem escreveu páginas inteiras da própria alma.
Ser artista é isso: se despir em praça pública e ainda ter que ouvir que sua nudez é exagero.
É entregar tudo e ainda ouvirem “mas não é o suficiente”.
É ouvir que foi sorte. Que foi fácil.
O que ninguém vê é que antes do livro existir, eu existi.
Com noites em claro.
Com revisões que me arrancaram pedaços.
Com medo.
Com dúvida.
Com fé.
Eu não sou uma fraude.
Fraude é a maldade disfarçada de opinião.
Fraude é a língua ferina de quem nunca teve coragem de tentar.
Você sabe o que é sentar com seu próprio medo e ainda assim seguir escrevendo?
Não. Você não sabe.
Mas eu sei.
Eu sei o peso de cada vírgula.
Sei a vergonha de me sentir pequena diante da crueldade alheia.
Sei o gosto do choro contido.
Sei o silêncio depois da crítica injusta.
E mesmo assim, eu sigo.
Porque eu escrevi.
Eu revisei.
Eu publiquei.
E não há nada mais corajoso do que isso.
Eu levei isso pra terapia.
Porque isso me feriu.
E porque ferida aberta também é matéria-prima.
E transformar dor em arte… isso sim é talento.
Pessoas pequenas tentam diminuir o que é grande demais pra elas entenderem.
Elas querem que eu duvide de mim, porque sabem:
Uma artista que acredita em si mesma assusta.
Mas o meu texto existe.
O meu livro existe.
Minha arte já tocou mais almas do que essas pessoas vão tocar em vida.
E enquanto me julgam,
eu escrevo.
Enquanto me apagam,
eu me publico.
Enquanto falam de mim, sem saber de mim,
eu sigo sendo.
Com dor.
Com fúria.
Com coragem.
Com sangue nas palavras.
Porque escrever, me salva, todos os dias da minha vida.
E ninguém —ninguém — tem o direito de me dizer que isso não vale nada.
Porque poder ser eu mesma já teria sido motivo suficiente… Mas ver que mesmo assim tudo valeu a pena? Ah, isso foi a vitória mais silenciosa e mais retumbante que já vivi.
Com tudo que ainda pulsa em mim,
Camila