✉️ Cartas de despedida invisíveis
Capítulo 1: A faxina que não coube no balde: porque crescer, às vezes, significa desapegar até do que parecia amor.
Às vezes, somos levados a acreditar que nossa missão é ajudar, curar ou salvar os outros. A gente se doa de corpo e alma, sem pensar duas vezes, porque acredite, há algo nobre em querer ver as pessoas ao nosso redor bem. Mas, em meio a essa doação constante, há uma armadilha que não percebemos de imediato: em algum momento, você começa a perceber que está dando mais do que pode, sem receber nada em troca. E, o pior, você está fazendo isso em nome de quem talvez não queira realmente ser salvo.
Chega uma hora que cansa.
Cansa ser a boia salva-vidas de quem vive afundando por escolha.
Cansa ser o ouvido amigo de quem só fala e nunca escuta.
Cansa dar, dar, dar… até que não reste mais nada pra você.
É estranho olhar pra trás e ver o quanto a gente se doou pra pessoas que só estavam ali pra consumir. Sugadores de energia disfarçados de amigos.
Gente que critica sorrindo, que diminui com conselhos falsamente bem-intencionados:
"Se fosse eu, teria feito diferente."
"No seu lugar, eu falaria isso ou aquilo."
Mas a verdade é que não são você. Nunca foram. Nunca tentaram ser.
Você tá lá, vivendo a sua luta interna, tentando sobreviver ao caos da própria existência, e vem alguém que mal conhece seu caminho pra te dizer como caminhar.
E o pior? Às vezes a gente acredita.
Acredita que é preciso continuar ajudando, porque “amigo ajuda”, “amigo defende”, “amigo perdoa”.
Mas tem gente que só se aproxima pra usar a sua força quando elas mesmas se recusam a levantar.
Você vira o ombro, a escuta, a ponte.
Elas atravessam e depois tacam fogo.
E quando você não serve mais — não pra aplaudir, não pra carregar, não pra resolver — vem o desdém. O desprezo. O isolamento frio de quem só precisava da sua utilidade, não da sua amizade.
E eu sei disso.
Eu vivi isso.
Fui essa pessoa que acreditou, que se culpou, que tentou manter laços que já não seguravam nada além de dor.
E por muito tempo, deixei essas conexões me definirem.
Até que eu entendi que isso não era amor. Era desgaste disfarçado de lealdade.
Essa semana, eu fiz o que parecia pequeno, mas foi imenso: limpei meu Instagram.
Pode parecer bobo, mas excluir certas pessoas da minha vida virtual foi como selar um ciclo na vida real também.
Um grito silencioso de "basta".
Uma forma de dizer: não sou mais essa que aceita ser corroída pra agradar.
Esse texto não é sobre um unfollow. É sobre a coragem de dizer: não é mais aqui.
Sobre parar de tentar caber onde te podam, onde te ferem, onde te sugam.
Sobre deixar pra trás não só pessoas — mas versões suas que se moldavam demais pra caber em qualquer canto.
A dor existe, sim. A decepção também. Mas elas foram o empurrão que faltava.
Porque a vida vai mostrando, na marra, que não dá pra manter por perto quem só aparece pra te diminuir.
E às vezes, o que dói não é perder alguém.
É perceber o quanto você se perdeu tentando segurar quem nunca te segurou de volta.
Então, se doeu, deixa doer.
Mas depois disso, levanta. Fecha a porta. Tranca, se for preciso.
E segue.
Porque o que te espera lá fora não é mais peso — é leveza.
É espaço limpo, sagrado, só seu.
Com coragem e vassoura emocional,
Camila
O bom da vida é perceber quando mudar a rota e seguir em frente! Sucesso sempre querida!
Exatamente assim, Camila. A gente cansa. ;-)