A arte de escrever e seus desafios.
Hoje, quero compartilhar um pouco dos desafios diários que enfrento como escritora.
Talvez você, leitor(a), que também tenha uma história para contar, se reconheça em alguns desses pontos. Se você sonha em escrever, ou já escreve, talvez se veja no espelho dessas palavras.
Ser escritora é, muitas vezes, um caminho solitário. As palavras, essas que nos fascinam e nos preenchem, também podem ser traiçoeiras, escorregadias, difíceis de capturar e transformar em algo que faça sentido. Em muitos momentos, a escrita parece ser uma jornada entre o brilho da inspiração e a escuridão da dúvida. E, por mais que amemos a arte de criar, a vida de escritora não é feita apenas de páginas cheias de palavras bonitas — ela também é marcada por desafios que, muitas vezes, só quem vive essa realidade pode entender.
1. A luta contra o bloqueio criativo
Ah, o bloqueio criativo… Esse monstro invisível que aparece quando menos esperamos. Quando você está ali, com a caneta na mão ou o teclado à frente, mas simplesmente não consegue escrever uma única palavra. O mais difícil disso tudo não é a falta de ideias — é a sensação de estar travada, como se as palavras estivessem em algum lugar dentro de você, mas você não conseguisse alcançá-las. E o tempo passa, e a frustração cresce. O bloqueio criativo não escolhe hora nem lugar. Ele pode te pegar nos momentos mais inusitados: durante uma madrugada de inspiração, ou no meio de uma sessão de escrita que parecia promissora.
A solução? Às vezes, simplesmente deixar ir. Respirar, dar um passo atrás e permitir-se não escrever. Pode parecer contra-intuitivo, mas dar espaço para a mente e para o coração pode ser a chave para encontrar a inspiração de novo.
2. A autocrítica que nunca descansa
Como escritoras, muitas vezes somos nossas maiores críticas. Quando olho para um capítulo que terminei, ou para uma ideia que me empolgou no início, me vejo duvidando de cada palavra. “Será que está bom? Será que minha escrita é boa o suficiente?” Esse é um pensamento constante. A autocrítica, infelizmente, é uma companheira constante da vida de escritora.
Aprender a silenciar essa voz crítica e confiar no meu processo é um dos maiores desafios que enfrento. Isso exige coragem — coragem para entregar o que escrevemos ao mundo e aceitar que, talvez, não será perfeito. Mas também é essa vulnerabilidade que nos torna autênticas e capazes de conectar nossa escrita aos leitores.
3. A pressão das expectativas (Próprias e Alheias)
Uma vez que começamos a publicar, seja com um livro impresso ou no formato digital, as expectativas começam a pesar. Não apenas as de outras pessoas, mas principalmente as nossas próprias expectativas. A pressão de escrever o próximo sucesso, de agradar os leitores, de produzir algo à altura do que já foi feito, pode ser esmagadora.
Mas a verdade é que a escrita é uma jornada, não uma corrida. É importante lembrar que cada história tem seu tempo, e que a qualidade vem do processo de criação, não da pressa de concluir. Ao invés de nos focarmos apenas no "produto final", é preciso abraçar o prazer do ato de escrever, mesmo que isso signifique que nem todo capítulo seja perfeito à primeira vista.
4. O desafio da disciplina e do tempo
A vida de escritora não é apenas sobre momentos de pura inspiração. Ela também exige disciplina. Muitas vezes, os dias são ocupados com tarefas diárias, com obrigações, com a vida real — e o tempo para escrever pode ser escasso. Se você é como eu, tem dias em que se sente como uma malabarista tentando equilibrar tantas coisas ao mesmo tempo. Entre escrever, promover meus livros, manter o blog e, claro, viver minha vida pessoal, o tempo parece ser um bem cada vez mais precioso.
Criar uma rotina de escrita, mesmo que seja apenas um parágrafo por dia, tem sido minha forma de combater a procrastinação. Às vezes, são as pequenas ações diárias que nos levam mais longe do que imaginamos.
5. A solidão e a conexão
Por mais que a escrita seja uma atividade solitária, ela também é uma ponte que nos conecta a outros. Ao escrever, crio mundos, mas também crio pontes com meus leitores. A solidão é, na verdade, um dos maiores paradoxos da vida de escritora: escrevemos em silêncio, mas desejamos que nossas palavras alcancem o mundo. Ao final de cada livro, me sinto como se tivesse lançado um pedaço de mim no universo, esperando que ele encontre alguém que se conecte com ele.
E quando recebo uma mensagem de um leitor que se sentiu tocado por algo que escrevi, todo o esforço vale a pena.
A vida de escritora é cheia de desafios, mas também é marcada por uma satisfação única — a de dar vida a histórias, de desafiar a mente e o coração, de explorar os limites da criatividade. Se você também é escritor(a) ou tem o desejo de ser, lembre-se: os obstáculos fazem parte do processo. A chave é persistir, confiar no seu talento e entender que o caminho da escrita é tanto sobre a jornada quanto sobre o destino.
Então, mesmo nos dias mais difíceis, lembre-se de que cada palavra escrita é um passo mais próximo de quem você deseja ser como escritor(a). Continue escrevendo, continue sonhando e, acima de tudo, continue acreditando.
Com carinho,
Camila